quinta-feira, 24 de junho de 2010

Cidadão de onde

Meu pai é mestre em Programação Neurolingüística. Tem uma empresa disso, até.
Isso significa que ele ensina os outros a entenderem e administrarem comportamentos através de técnicas de linguagem cerebral.

Além de fazer isso muito bem, propriamente - em outras palavras, ele lê a mente das pessoas.

Sendo filho dele, inevitável ter sido impregnado por esses ensinamentos desde o berço. Cresci ouvindo que fui criado para ser cidadão do mundo, sem amarras e apegos. Graças a Deus.

O ponto é que ser cidadão do mundo é trabalhoso. Sua casa é grande demais e ter parente em todo canto faz a saudade aumentar!

É engraçada essa história de desapego.
As referências são, na verdade, casos pra se contar. Poucas vezes são pessoas, lugares ou cheiros. Meu cérebro foi treinado a acreditar - e a gostar muito - de que isso tem em todo canto! É fácil, bem fácil.

É certo, também, considerar que a maturidade em aceitar essa condição genética (quase!) não pôde ser comprada. Muita adaptação cruel teve que se arrastar pelo caminho.

A vida montada em fases e o ritmo acelerado sempre em busca de alguma, qualquer coisa, me fez estabelecer alguns princípios inconscientes (e difíceis de terem sido buscados pra listar aqui):
1. Não consigo me despedir de nada - amigos conseguem rapidamente perceber isso em qualquer ambiente;
2. Sei todas as datas e eventos dos próximos sete finais de semana - dos últimos, devo me lembrar apenas de algum som ou imagem borrada;
3. Tenho um amigo pra cada coisa;
4. Posso ser shape, hang, thrust ou swing, pede pro contexto me dizer (*em tempo: esses são os quatro tipos de personalidades humanas de acordo com a PNL, a tal brincadeira de ler a mente dos outros);
5. Não valorizo erros, eles passam. Podia ser pior;
6. Acho que tudo não passa de uma grande brincadeira.


Estar solteiro, morar sozinho e cuidar de uma tartaruga não são desapegos - isso também ainda vai passar!
O que fica é a insaciável valorização da independência e da autenticidade, certo de que a minha cidadania sem carimbo ainda vai me fazer conhecer muito parente...


4 comentários:

Unknown disse...

O melhor texto até então. Esse é você - incrível como consigo facilmente perceber e agora entender.

Quel disse...

Dá vontade de escrever vários comentários e no fim já me perdi no que eu queria falar. Incrível o texto, e mais uma vez boa definição de vc. Pode ser um pouco dependente de mim, é bom tb! hehe

Lívia Neto disse...

Luiz,
acho admirável o seu desapego, a não ser quando você passa quase 1 mês sem me ligar.

Unknown disse...

incrível esse teu blog.
Uma leitura breve do que é ser LG. Uma breve leitura do que é ver a vida de um ponto bem distinto do seu, mas que, post a post, uma linha cada vez mais tênue.